Santidade
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Penso que seja extremamente oportuna a iniciativa do meu querido irmão, padre Rodrigo Maria, de suplicar ao Papa Bento XV a graça de um novo Ano Mariano para 2012-2013.
Tenho ainda na lembrança as graças imensas que pude colher do Ano Sacerdotal, que vivemos por ocasião do aniversário de 150 anos da morte de São João Maria Vianney (Padroeiro dos Párocos), e que proporcionou muitíssimos frutos de conversão na vida de tantos padres.
Um novo Ano Mariano, de 2012-13, recordando os 25 anos do último ano mariano proclamado pelo servo de Deus o Papa João Paulo II e comemorando os 300 anos do “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem” de São Luís Maria Montfort seria um verdadeiro tempo de graça para a Santa Igreja de Deus.
O Ano Mariano em 2012 seria uma grande oportunidade de reavivar a devoção a nossa Mãe Santíssima no coração dos católicos e propagar a prática da consagração total a ela, como é ensinado pelo próprio São Luís.
Seria uma forma muito prática de responder aos apelos que a Virgem Santíssima fez em Fátima (1917): “Deus quer estabelecer no mundo a Devoção ao Meu Coração Imaculado. (…) Se fizerdes o que vos digo, muitas almas se salvarão e terão paz”.
Pois como diz o próprio São Luís: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por meio Dela que Ele deve reinar no mundo. (…) Por Ela Jesus Cristo vem a nós, e por Ela devemos ir a Ele” (“Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, n. 1; 85).
Por essas razões, gostaria de me unir a essa iniciativa do padre Rodrigo Maria e convidar você, caríssimo irmão e irmã, a enviar também a sua carta ao Santo Padre Bento XVI. (Modelo da carta)
Endereços para onde a carta pode ser enviada
As cartas em súplica ao Sumo Pontífice também podem ser enviadas para os seguintes endereços:
-Secretario do Papa – Mons. Geog Ganswein
Palazzo Apostolico Vaticano
00120 Città Del Vaticano.
– Apostolic Palace
Via del Pellegrino
Ciita del Vaticano
Vatican City State, 00120 Europe
phone: 0011.3906.698810.22
email: av@pccs.va
fax:011.3906.6988.53.73
As cartas devem ser escritas em nome próprio e/ou no nome da comunidade ou grupo ao qual você pertence, pode ser a mesma que enviamos ou uma outra.
Padre Paulo Ricardo de Azevedo Júnior
Fonte: http://padrepauloricardo.org/
A Pureza, virtude tão estimada pelos santos, mas hoje tão maltratada por nós homens! Se soubéssemos o quanto agrada a Deus a sua observância, assim como os santos, faríamos de tudo para não ofendê-lo com nossas impurezas.
Castidade perfeita é o mais belo florão da Igreja, dizia o papa Pio XII. Pela castidade, várias portas de entrada para os demais pecados são fechadas, pois aprendemos a viver como os santos, buscando essencialmente a Deus. Por ser uma virtude tão apreciada, o demônio usa de suas artimanhas para arrancar de nosso coração o desejo santo de observá-la.
Relatarei algumas práticas heróicas que os santos fizeram para não deixar que o demônio roubasse esse bem de seus corações.
Santo Antão dizia que “basta um olhar impuro para abrir as portas do inferno”, quando são Luís Gonzaga teve conhecimento desta frase começou a guardar os seus olhos com tanta radicalidade, chegando ao ponto de não olhar nunca para as demais partes dos corpos das mulheres, apenas para os seus olhos.
Devemos guardar os nossos olhos, porque, como dizia São Domingos Sávio: são duas janelas, onde pode passar anjos como demônios. Disse nosso Senhor Jesus Cristo: “A lâmpada do corpo é o olho. Portanto, se o teu olho estiver são, todo o teu corpo ficará iluminado; mas se o teu olho estiver doente, todo o teu corpo ficará escuro. Pois se a luz que há em ti são trevas, quão grande serão as trevas”!(Mateus 6, 22-23)
São Luís Gonzaga, em todo tempo de sua vida, nunca sentiu o menor estimulo ou movimento carnal no corpo, nem pensamento ou representação desonesta no espírito, que fossem contrários ao propósito que fizera de ter uma castidade perfeita. Este privilégio transcende de tal modo toda força industrial humana, que bem mostra ter sido dom particular de Deus por intercessão de sua Mãe Santíssima. Quanto se deva apreciar esta isenção, conhecerá que são Paulo (ou falasse de si, ou de outro) três vezes implorou a Deus a graça de livrá-lo do aguilhão da carne (Romanos 13, 14; II Coríntios 7, 1; Gálatas 5, 17).
Uma vez perguntaram a são Jerônimo o motivo por qual ele foi ser eremita, ele deu uma resposta muito simples, “eu temo o inferno”; talvez as pessoas podem pensar que pelo fato de ele estar no deserto, que ele esteja livre de tentações, porque o deserto é um lugar “de encontro pessoal com Deus”, mas não, infelizmente até no deserto satanás o encontrou, o demônio não o deixou em paz um dia sequer, mas o Senhor Jesus tinha impresso em seu coração um ardente desejo de céu, de perfeição que todos os dias o Espírito Santo inspirava-lhe algo diferente, “temos que ficar atentos as moções do Espírito Santo de Deus”, são Jerônimo fazia de tudo, mas um certo dia a tentação veio com tanta força que ele teve que pegar uma grande pedra e começar a bater no peito, enquanto a tentação não fosse extinta ele não parou de se bater. É claro, como dizia São Francisco de Sales: que os atos dos santos nos sirva de lição, porque diz a palavra do Senhor: “Vós ainda não resistes até o sangue em vosso combate contra o pecado”! (Hebreus 12, 4)
São Francisco de Assis, um dia estando indo pregar o evangelho, no meio do caminho lhe sobreveio uma forte tentação, movido pelo “amor a Cristo Jesus” ele tirou a roupa por completo e começou a rolar na neve, rolou até a tentação ir embora. “Vigia atentamente para que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus”. (Hebreus 12, 15)
Certa vez, algumas pessoas prenderam são Tomás de Aquino em um castelo junto com uma mulher, eles o prenderam para que perdesse sua pureza (virgindade), mas “o amor de Deus é infinito, principalmente para seus filhos prediletos, os castos”; São Tomás pegou um tição de fogo e com ele começou a correr atrás da mulher e ela foi embora, logo depois, São Tomás caiu de joelhos, e com os olhos cheios de lágrimas pediu a Jesus Cristo que nunca mais permitisse tal coisa, logo em seguida lhe apareceu seu Anjo da Guarda e lhe cingiu com um cinto divino, um certo cinto de castidade, nunca mais lhe sobreveio tentação parecida. “Orai sem cessar. Guardai-vos de toda espécie de mal”. (Tessalonicenses 5, 17. 22)
Santa Maria do Egito, quando sentia esses impulsos carnais, ajoelhava-se e caía com o rosto em terra e ficava até serem extintas as tentações, as vezes ela ficava dias nesta posição. Poucos são os santos que, por favor de extraordinária graça do céu, chegaram a uma perfeita e total insensibilidade, e se alguns lá chegaram, só a custo de muitas “orações e lágrimas” alcançaram esse dom de Deus.
Assim conta são Gregório nos Diálogos, que santo Equício, sentindo-se em sua juventude molestado por estas tentações, com longas e contínuas orações alcançou que Deus lhe mandasse um Anjo, que o tornou tão livre de toda tentação, como se não tivera corpo.
Do abade Sereno narra Cassiano, que tendo com muitas orações, lágrimas, vigílias e jejuns, obtido primeiramente a pureza de coração e de espírito, com iguais trabalhos, que se entregava noite e dia, recebeu por ministério de um Anjo, tão perfeito dom de castidade corporal, que, nem velando, nem dormindo, nem sonhando, sentiu jamais movimento algum no corpo.
São Luís Gonzaga tinha esse dom de Deus, mas por tanto amor que tinha por esta virtude vivia em tanta comunhão e radicalidade com Deus, ele andava sempre com os olhos baixos, nas ruas e em sua casa.
Nós devemos CRUCIFICAR a nossa própria carne, nisso está o imenso potencial ascético, de esforço, de luta, de morte, da castidade pelo Reino. Crucificar sua própria carne com suas paixões e seus desejos, principalmente o desejo sexual, que está entre os mais imperiosos, isso não é brincadeira. Pois a carne tem aspirações contrárias ao espírito e o espírito contrárias à carne (Gálatas 5, 17). Esse é um inimigo que está dentro de nós, que nos ataca sem trégua, de noite e de dia, quando sós ou acompanhados. Tem um aliado extraordinariamente forte, o mundo, que põe à sua disposição todos os recursos, pronto sempre a lhe dar razão e a defender seus “direitos”, e em nome da natureza, do bom senso, da bondade fundamental de todas as coisas… Esse é o campo “onde mais cotidiana é a batalha e mais rara a vitória” (São Cesário de Arles).
Essa foi a triste experiência daqueles ascetas de alma de fogo, os monges do deserto, levados pela tentação da carne até quase o desespero.
Prestem muita atenção neste relato! “Por doze anos, depois de meus cinqüenta anos, o demônio não me concedeu nem uma noite nem um dia de trégua em seus assaltos. Pensando que Deus me tivesse abandonado, e que exatamente por isso estivesse sendo dominado pelo inimigo, decidi antes morrer de forma irracional do que sofrer a vergonha de cair por causa da paixão carnal. Saí e, depois de ter vagado pelo deserto, encontrei a toca de uma hiena; ali meti-me nu, durante o dia, para que as feras me devorassem quando saíssem. Depois de diversas tentativas semelhantes, ouviu dentro de si uma voz que lhe dizia no pensamento: Vá embora, Pacômio, e lute; fiz que você fosse dominado pelo inimigo para que não se ensoberbecesse, pensando que era forte, mas que, reconhecendo sua fraqueza e não confiando demais no seu regime de vida, procurasse a ajuda de Deus.” (Paládio, História Lausaíca)
Todos os santos tiveram tentações, e como vimos, fortíssimas, mas, sempre movidos pelo amor pela virtude e por Deus, sempre saíram vitoriosos!!!
Ao ouvirem isso, os discípulos ficaram muito espantados e disseram: “Quem poderá então salvar-se?” Jesus, fitando-os, disse: “Ao homem isso é impossível, mas a Deus tudo é possível”. (Mateus 19, 25-26)
Quando vierem estas tentações, lutemos com todas as forças, vamos “dar o sangue na luta contra o pecado” (Hebreus 12,4), e “trabalharmos na nossa salvação com temor e tremor” (Filipenses 2,12), mas devemos, principalmente, buscar as nossas forças e graças em Deus, pois “tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4,13).
Só Deus para te livrar e fazer de ti vitorioso, e nós encontramos Deus pela ORAÇÃO!
“Ficai acordados, portanto, orando em todo momento, para terdes a força de escapar de tudo o que deve acontecer e de ficar de pé diante do Filho do Homem”.(Lucas 21, 36)
“Em matéria de castidade, não à fortes e nem fracos e sim, prudentes e imprudentes!” Jesus nosso Amado nos disse: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação: pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mateus 26, 41).
“Que Maria Santíssima, São José e a Santíssima Trindade possam nos dar todo auxílio e fortaleza, para perseverarmos no caminho do amor!”
Fonte: Portal da Arquidiocese de Campo Grande.
Extraido: Repórter de Cristo
Adolescente comove a Itália ao oferecer sua vida pela Igreja e o Papa
Carlo Acutis, falecido aos 15 anosROMA, 24 Out. 07 / 06:47 pm (ACI).- Em outubro de 2006, Carlo Acutis tinha 15 anos de idade e sua vida se apagou por uma agressiva leucemia. O adolescente, oriundo de Milão, comoveu familiares e amigos ao oferecer todos os sofrimentos de sua enfermidade pela Igreja e pelo Papa. Seu testemunho de fé, que em alguns anos poderia valer o início de um processo de beatificação, sacode nestes dias a Itália, com a publicação de sua biografia.
“Eucaristia. Minha rodovia para o céu. Biografia de Carlo Acutis” é o título do livro escrito por Nicola Gori, um dos articulistas de L’Osservatore Romano, e publicado pelas Edições São Paulo.
Segundo os editores, Carlo “era um adolescente de nosso tempo, como muitos outros. esforçava-se na escola, entre os amigos, era um grande apaixonado por computadores. Ao mesmo tempo era um grande amigo de Jesus Cristo, participava da Eucaristia diariamente e se confiava à Virgem Maria. Morto aos 15 anos por uma leucemia fulminante, ofereceu sua vida pelo Papa e pela Igreja. Sua vida suscitou profunda admiração em quem o conheceu. O livro nasce do desejo de contar a todos sua simples e incrível historia humana e profundamente cristã”.
“Meu filho sendo pequeno, e sobre tudo depois de sua Primeira Comunhão, nunca faltou à celebração cotidiana da Santa Missa e do Terço, seguidos de um momento de Adoração Eucarística”, recorda Antonia Acutis, mãe de Carlo.
“Com esta intensa vida espiritual, Carlo viveu plena e generosamente seus quinze anos, deixando em quem o conheceu um profundo traço. Era um moço especialista em computadores, lia textos de engenharia informática e deixava a todos estupefatos, mas este dom o colocava a serviço do voluntariado e o utilizava para ajudar seus amigos”, adiciona.
“Sua grande generosidade o fazia interessar-se em todos: os estrangeiros, os portadores de necessidades especiais, as crianças, os mendigos. Estar próximo a Carlo era esta perto de uma fonte de água fresca”, assegura sua mãe.
Antonia recorda claramente que “pouco antes de morrer Carlo ofereceu seus sofrimentos pelo Papa e pela Igreja. Certamente o heroísmo com a qual confrontou sua enfermidade e sua morte convenceram a muitos que verdadeiramente era alguém especial. Quando o doutor que o acompanhava perguntava se sofria muito, Carlo respondeu: ‘Há gente que sofre muito mais que eu!”.
“Fama de santidade”
Francesca Consolini, postuladora para a causa dos Santos da Arquidiocese de Milão, acredita que no caso de Carlo há elementos que poderiam levar a abertura de um processo de beatificação, quando se fizerem cinco anos de sua morte, como o pede a Igreja.
“Sua fé, singular em uma pessoa tão jovem, era poda e segura, levava-o a ser sempre sincero consigo mesmo e com os outros. Manifestou uma extraordinária atenção para o próximo: era sensível aos problemas e as situações de seus amigos, os companheiros, as pessoas que viviam perto a ele e quem o encontrava dia a dia”, explicou Consolini.
Para a especialista, Carlo Acutis “tinha entendido o verdadeiro valor da vida como dom de Deus, como esforço, como resposta a dar ao Senhor Jesus dia a dia em simplicidade. Queria destacar que era um moço normal, alegre, sereno, sincero, voluntarioso, que amava a companhia, que gostava da amizade”.
Carlo “tinha compreendido o valor do encontro cotidiano com Jesus na Eucaristia, e era muito amado e procurado por seus companheiros e amigos por sua simpatia e vivacidade”, indicou.
“Depois de sua morte muitos sentiram a necessidade de escrever uma própria lembrança dele e outros comentaram que vão pedir sua intercessão em suas orações: isto fez com que sua figura seja vista com particular interesse” e em torno de sua lembrança está se desenvolvendo o que se chama “fama de santidade”, explicou.
A apresentação do livro foi redigida por Dom Michelangelo Tiribilli, Abade Geral dos Beneditinos do Monte Oliveto, e se inclui o testemunho do sacerdote Gianfranco Poma, o pároco de Carlo.
Para mais informação sobre o livro escrito em italiano, pode-se visitar http://www.libreriauniversitaria.it/eucaristia-minha-autostrada-céu-biografia/libro/9788821560385
Caros jovens de Turim!
Caros jovens que vêm do Piemonte e das Regiões circunvizinhas!
Estou realmente feliz por estar com vocês, nesta minha visita a Turim para a veneração do Santo Sudário. Saúdo a todos vocês com grande afeto e agradeço-lhes pela acolhida e pelo entusiasmo da fé de vocês. Através de vocês saúdo toda a juventude de Turim e das Dioceses do Piemonte, com uma oração especial pelos jovens que vivem situações de sofrimento, de dificuldade e de desorientamento. Um pensamento especial e um forte encorajamento dirijo aos que entre vocês estão percorrendo o caminho em direção ao sacerdócio, a vida consagrada, assim como em direção a escolhas generosas de serviço aos últimos. Agradeço o Pastor de vocês, o Cardeal Severino Poletto, pelas cordiais expressões que me dirigiu e agradeço os representantes de vocês que exprimiram os propósitos, as problemáticas e as expectaticas da juventude desta cidade e região.
Vinte cinco anos atrás, por ocasião do Ano Internacional da Juventude, o venerável João Paulo II dirigiu uma Carta apostólica aos jovens e às jovens do mundo, focada sobre o encontro de Jesus com o jovem rico do qual fala o Evangelho (Carta aos Jovens, 31 de março de 1985). Exatamente partindo desta página (cfr Mc 10, 17-22; Mt 19, 16-22), que foi objeto de reflexão também da minha Mensagem deste ano para o Dia Mundial da Juventude, gostaria de apresentar-lhes alguns pensamentos que possam lhes ajudar no crescimento espiritual e na missão de vocês dentro da Igreja e no mundo.
O jovem do evangelho pede a Jesus: “O que devo fazer para alcançar a vida eterna?”. Hoje não é fácil falar de vida eterna e de realidades eternas, porque a mentalidade do nosso tempo nos diz que não existe nada de definitivo: tudo muda, e ainda mais, rapidamente. “Mudar” tornou-se, em muitos casos, uma palavra de ordem, o exercício mais exaltante da liberdade, e assim também vocês jovens foram frequentemente levados a pensar que é impossível realizar escolhas definitivas, que empenhem para toda a vida. Mas é esse o modo justo de usar a liberdade? É realmente verdade que para ser feliz devemos acontentar-nos de pequenas e fugazes alegrias momentâneas, as quais uma vez acabadas, deixam amargura no coração? Caros jovens, não é essa a verdadeira liberdade, a felicidade não se alcança assim. Cada um de nós foi criado não para realizar escolhas provisórias e revogáveis, mas escolhas definitivas e irrevogáveis, que dão sentido pleno à existência. Isso vemos em nossa vida: cada experiência bela, que nos enche de felicidade, gostaríamos que não tivesse mais fim. Deus nos criou em vista do “para sempre”, colocou no coração de cada um de nós a semente para uma vida que realize algo de belo e de grande. Tenham coragem de fazer escolhas definitivas e vivam-nas com fidelidade! O Senhor poderá chamar-lhes ao matrimônio, ao sacerdócio, à vida consagrada, a um dom particular de vocês mesmos: respondam-lhe com generosidade!
No diálogo com o jovem, que possuía muitas riquezas, Jesus indica qual é a riqueza maior da vida: o amor. Amar a Deus e amar aos outros com tudo de si. A palavra amor – já sabemos – se presta a várias interpretações e tem diversos significados: nós precisamos de um Mestre, Cristo, que nos indique o sentido mais autêntico e mais profundo, que nos guia à fonte do amor e da vida. Amor é o nome próprio de Deus. O Apóstolo João nos recorda: “Deus é amor”, e acrescenta que “não fomos nós a amar Deus, mas foi ele que nos amou e mandou seu Filho”. E “se Deus nos amou assim, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1Jo 4,8.10.11). No encontro com Cristo e no amor recíproco experimentamos em nós a própria vida de Deus, que permanece em nós com seu amor perfeito, total, eterno (cfr 1 Jo 4, 12). Não há nada, portanto, de maior para o homem, um ser mortal e limitado, que participar da vida de amor de Deus. Hoje, vivemos um contexto cultural que não favorece as relações humanas profundas e desinteressadas, mas, ao contrário, induz frequentemente, ao fechamento em si mesmo, ao individualismo, a deixar prevalecer o egoísmo que existe no homem. Mas o coração de um jovem é por natureza sensível ao amor verdadeiro. Por isso me dirijo com grande confiança a cada um de vocês e lhes digo: não é fácil fazer da vida de vocês algo de belo e de grande, é desafiante, mas com Cristo tudo é possível!
No olhar de Jesus que fixa com amor o jovem do evangelho, colhemos todo o desejo de Deus de estar conosco, de estar ao nosso lado. Sim, caros jovens, Jesus quer ser amigo de vocês, irmão de vocês na vida, o mestre que lhes mostra o caminho a percorrer para alcançar a felicidade. Ele ama vocês por aquilo que vocês são, na fragilidade de vocês e fraqueza, porque, tocados por seu amor, possam ser transformados. Vivam este encontro com o amor de Cristo em uma forte relação pessoal com Ele; vivam-no na Igreja, sobretudo nos Sacramentos. Vivam-no na Eucaristia, na qual se torna presente o seu Sacrifício: Ele realmente doa o seu Corpo e o seu Sangue por nós, para redimir os pecados da humanidade, para que nos tornemos uma coisa só com Ele, para que aprendamos também nós a lógica do doar-se. Vivam-no na Confissão, onde, oferecendo-nos o seu perdão, Jesus nos acolhe com todos os nossos limites para dar-nos um coração novo, capaz de amar como Ele. Aprendam a ter familiaridade com a Palavra de Deus, a meditá-la, especialmente na lectio divina, a leitura espiritual da Bíblia. Enfim, saibam encontrar o amor de Cristo no testemunho da caridade da Igreja. Turim lhes oferece, em sua história, esplêndidos exemplos: sigam-nos, vivendo concretamente a gratuidade do serviço. Tudo na comunidade eclesial deve estar voltado para que os homens toquem a infinita caridade de Deus.
Caros amigos, o amor de Cristo pelo jovem do Evangelho é o mesmo que ele tem por cada um de vocês. Não é um amor confinado no passado, não é uma ilusão, não é reservado a poucos. Vocês encontrarão este amor e o experimentarão em toda fecundidade se com sinceridade vocês buscarem o Senhor e se viverem com compromisso a participação de vocês na vida da comunidade cristã. Cada se sinta “parte viva” da Igreja, envolvido na obra de evangelização, sem medo, em um espírito de sincera harmonia com os irmãos na fé e em comunhão com os Pastores, saindo de um tendência individualista também na vivência da fé, para respirar a plenos pulmões a beleza de fazer parte do grande mosaico da Igreja de Cristo.
Esta noite não posso não apontar-lhes como modelo um jovem da cidade de vocês: o beato Piergiorgio Frassatti, cujo vigésimo aniversário de beatificação celebramos este ano. A sua existência foi envolvida inteiramente pela graça e pelo amor de Deus e foi consumida, com serenidade e alegria, no serviço apaixonado a Cristo e aos irmãos. Jovem como vocês, viveu um grande compromisso com sua formação cristã e deu o seu testemunho de fé, simples e eficaz. Um jovem fascinado pela beleza do Evangelho das bem-aventuranças, que experimentou toda a alegria de ser amigo de Cristo, de segui-lo, de se sentir em modo vivo parte da Igreja. Caros jovens, tenham a coragem de escolher aquilo que é essencial na vida! “Viver e não ter uma ‘vidinha’” repetia o beato Piergiorgio Frassati. Como ele, descubram que vale a pena comprometer-se por Deus e com Deus, e responder seu chamado nas escolhas fundamentais e do dia-a-dia, mesmo quando custa!
O percurso espiritual do beato Piergiorgio Frassati recorda que o caminho dos discípulos de Cristo requer a coragem de sair de si, para seguir a estrada do Evangelho. Este exigente caminho do espírito, vocês o vivem nas paróquias e nas outras realidades eclesiais; o vivem também na peregrinação do Dia Mundial da Juventude, encontro sempre muito esperado. Sei que vocês estão se preparando para o próximo encontro, programado para agosto de 2011 em Madri. Desejo de coração que este extraordinário evento, ao qual espero possam participar numerosos, contribua para fazer crescer em cada um o entusiasmo e a fidelidade no seguir Cristo e acolher com alegria a sua mensagem, fonte de vida nova.
Jovens de Turim e do Piemonte, sejam testemunhas de Cristo neste nosso tempo! O Santo Sudário seja de modo todo particular para vocês um convite para imprimir no espírito de vocês a face amorosa de Deus, para que sejam vocês mesmos, nos ambientes de vocês, com os seus coetâneos, uma expressão crível do rosto de Cristo. Maria, que vocês veneram nos Santuários marianos de vocês, e são João Bosco, Padroeiro da Juventude, ajudem vocês a seguir Cristo sem nunca se cansar. E lhes acompanhe sempre a minha oração e a minha Benção, que lhes dou com grande afeto.
Todas as aparições de Jesus ressuscitado terminam com uma missão apostólica. À Madalena, diz o Senhor: “Não me retenhas… mas vai ter com meus irmãos e dize-lhes que vou para meu Pai e vosso Pai” (Jo 20,17); às outras mulheres: “Ide dizer aos meus irmãos que vão à Galiléia, e lá me verão” (Mt 28,10). Os discípulos de Emaús, embora não tenham recebido ordens deste gênero, apenas Jesus desaparece, sentem-se impelidos a retomar o caminho de Jerusalém para referir aos onze “o acontecido” (Lc 24,35). Segundo Marcos, que refere em síntese estas aparições, tais mensagens foram acolhidas com desconfiança: os discípulos “não queriam crer” (16, 11.13). Também Lucas, acerca das informações das mulheres, diz que “suas palavras pareceram-lhes desvario e não lhes deram crédito” (ibidem,11).É justamente a esta resistência em crer que Marcos se refere no seu pequeno relato da aparição de Jesus aos onze: “e repreendeu-os por sua incredulidade e dureza de coração, por não terem dado crédito aos que o viram ressuscitado” (16,14). É a mesma repreensão dirigida aos discípulos de Emaús: “Ó estultos e lentos de coração em crer!” (Lc 24,25). A repreensão do Senhor, justificada pelo fato de que Ele mesmo predissera várias vezes aos seus o que iria acontecer, é ulterior confirmação de que a fé na Ressurreição, professada pelos Apóstolos, não nasceu em momento de exaltação religiosa, mas se baseia em experiências pessoais, porquanto cada um deles pode dizer-se testemunha ocular. Só depois de ter assegurado a firmeza de sua fé, Jesus dá aos discípulos a grande missão: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Agora que receberam do Ressuscitado todas as provas da realidade de sua ressurreição, devem ir anunciar o Evangelho a todos os homens. Com a ressurreição, de fato, “a boa nova” da salvação universal de Deus, por meio de Cristo, está enfim consumada e deve ser divulgada em todo o mundo, para que se torne história de cada homem. “Ide e pregai”. A missão implantada no coração dos Apóstolos pelo Senhor ressuscitado e fecundada pelo poder vivificador do Espírito Santo no dia de Pentecostes tornou-se decisão irrevogável de sacrificar a vida na pregação do Evangelho.”Vendo a fraqueza de Pedro e de João” ao testemunharem a ressurreição de Jesus e ao atribuírem ao poder do ressuscitado a cura milagrosa do coxo, os chefes do povo e os sumo sacerdotes os proíbem “de falar ou ensinar em nome de Jesus”. Mas os dois, com santa audácia, replicam: “não podemos calar o que vimos e ouvimos” (At 4,13-20). Como calar a verdade de que tinham sido testemunhas? Tinham-na ouvido dos lábios de Jesus, Filho de Deus, nos anos de convivência com Ele, viram-na confirmada por numerosos milagres e pela suprema prova: a ressurreição. Impossível negar pelo silêncio o que viram e suas mãos tocaram. Como Pedro e João, assim os outros Apóstolos iniciam a pregação que, em pouco tempo, se expandirá para além da Palestina, alcançando a Ásia Menor, a Grécia, a Itália e conquistando para Cristo homens de todas as culturas, classes, raças. Do mistério pascal de Jesus nasce a Igreja, e nasce com força apostólica destinada a transformar o mundo. É o fermento de vida nova, vida divina que emana do Senhor ressuscitado e quer penetrar toda a massa da sociedade humana para transformá-la em sociedade cristã, viva da própria vida de Cristo. Cada fiel está empenhado nesta empresa, é dever proveniente do batismo, do dom da fé recebido gratuitamente de Deus e que não pode reduzir-se a privilégio pessoal, mas ser compartilhado com os irmãos. O fiel cristão propagará a fé e pregará o Evangelho na medida em que levar em si, em todos os momentos da vida, os sinais de Cristo ressuscitado! Todos os que o encontram e tratam com ele deveriam poder dizer: “Vi o Senhor!” (Jo 20,18).
Por: Moises Azevedo Louro Filho (Com. Shalom)
“Ser honesto não é realizar os nossos maus sentimentos, pois eles podem nos destruir, ao invés de alimenta-los devemos ignora-los, o mesmo Deus que nos inspira a isso nos dará a foraça necessaria para seguir.Que o Amor de Deus nos purifique de tudo aquilo que nos escraviza. A garantia do nosso sucesso é o olhar fixo no Senhor, não em nossas faltas ou capacidades.”
Se você, como eu, é joven e esta lutando por uma vida mais santa e radical, passamos hoje nos unir neste “Grupo de Oração Virtual” para que nos apoiando possamos chegar juntos a pátria Celeste: O Céu!
Peço que comentem essa postagem.Todas as partilhas de jovens que buscam a Vivência da Fé na radicalidade serão analizadas e depois repassadas no blog!
Totus Tuus Virgo Maria
Eribelton – aspirante NJ.
Por ocasião do 100º aniversário de nascimento da Madre Teresa de Calcutá, no dia 26 de agosto de 2010, David Van Biema – ex-editor de religião da revista Time e autor e editor do livro “TIME Mother Teresa: The Life and Works of a Modern Saint” [Madre Teresa: A vida e a obra de uma santa moderna] – discute nesta entrevista a vida e o legado de um dos seres humanos mais icônicos do século XX.
A reportagem é de Bill McGarvey, publicada no sítio Busted Halo, revista eletrônica dos padres paulinos dos EUA, 24-08-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Como João Paulo II, a Madre Teresa é uma figura titânica desta idade midiática. Você pode falar um pouco sobre o seu apelo?
Bem, eu acho que ele é multifacetado. Há certas pessoas que, ao chegar ao centro das atenções, se as pessoas compreendem totalmente o que estão fazendo, amam-nas. E ela é uma delas. Também acho que ela tem um apelo especificamente para a minha geração. Sou um baby boomer [nascido no período pós-Segunda Guerra Mundial]. Ela começou seu ministério e sua ordem em 1948, o que correspondia aproximadamente à Guerra Fria, e morreu não muito depois do fim desta. Lembro-me dos exercícios em que você tinha que ficar debaixo da mesa. Nós não tínhamos dinheiro para ter um abrigo antibombas, de modo que tínhamos um pequeno armário roxo no porão, cheio de cereais secos – no caso de um ataque atômico.
Eu tinha essa noção muito forte, assim como muitas pessoas, de que havia pessoas que poderiam fazer um mal imenso pressionando um botão, sem realmente ver os efeitos de suas ações. Naquela época, o bem também era feito de uma forma semelhante, porque era uma época de um grande governo. Tinha-se a sensação de que havia burocratas de bom coração na cúpula desses programas sociais e, quando eles apertavam um botão, algo bom iria acontecer. Mas isso realmente não parecia mais familiar do que a Guerra Fria.
Acho que a Madre Teresa deu às pessoas da minha geração essa noção de intimidade do amor. Um tipo de amor que é totalmente um-a-um. Temos páginas do livro que estão repletas de fotos dela segurando os rostos das pessoas e olhando diretamente em seus olhos. Sua noção de ajuda era uma noção muito íntima e comunitária: de si mesma ou de uma de suas irmãs, a um dos mais pobres entre os pobres e a Jesus Cristo. Acho que isso foi imensamente atrativo para uma geração de pessoas que geralmente viam as coisas sendo feitas à distância.
Eu fiquei surpreso ao saber que a Madre Teresa veio de uma família razoavelmente rica. Há alguma coisa em sua pesquisa para esse livro que lhe surpreendeu sobre ela?
Parte do trabalho em um livro como esse é tentar descobrir o que é um santo. Mas, de outra forma, fazer esse tipo de livro me livrou da noção – se na verdade eu realmente a tinha – de que Deus tem que vir e apenas ligar um interruptor em uma pessoa. Eu acho que, em certa medida, talvez mais para não católicos do que para católicos, existe uma noção de santidade como essa espécie de “clique-boom”, ou da água que é transformada em vinho. A Madre Teresa nunca quis falar sobre o fato de sua família ter sido razoavelmente bem de vida quando ela era criança. Ela falou sobre como alguns dos membros da sua família eram agricultores, o que, sem dúvida, era verdade, mas sua família imediata não era.
E, de fato, se você olhar para a formação dela, você pode olhar para sua família e ver o tipo de competências que ela mostrou mais tarde em sua vida – ser capaz de organizar as pessoas e alguma compreensão do poder, uma espécie de nível de educação básica, uma tolerância para outras fés. Porque, na área da Macedônia onde ela vivia, isso era importante. Seu pai, em especial, tinha que se envolver com isso por que ele havia sido eleito para o conselho municipal em uma cidade em que o catolicismo albanês era uma minoria real. Sua família era muito envolvida com atos de caridade prática quando tinha dinheiro. Sua mãe, basicamente, andava por aí ajudando as pessoas, entregando dinheiro. As pessoas viviam com eles. Então, mais uma vez, esse não era um conceito totalmente novo para ela quando ela ficou adulta. Acho que o que estou tentando dizer é que, em vez de ligar um interruptor, Deus como que preparou o circuito antes do tempo.
Dito isso, houve também algumas pessoas que tiveram problemas reais com ela?
As pessoas perguntavam como é que ela não podia construir clínicas médicas, porque em certo momento havia dinheiro suficiente para construir clínicas médicas. Por que ela continuava só construindo casas, em que as irmãs faziam a mesma coisa que estavam fazendo? O argumento contra isso é que as clínicas médicas são gruas. Se elas podem ajudá-lo, elas vão ajudá-lo. É como triagem, e ela era o oposto à triagem. Ao mesmo tempo, há outra forma de transformar essa crítica: dizendo que ela estava mais preocupada com o sofrimento dos pobres, com a noção de uma boa morte e de estar lá presente para as pessoas que podiam estar morrendo, do que realmente em afastar as pessoas desse sofrimento.
Agora, eu acho que isso é muito discutível se você olhar para a quantidade de comida que passou pelo seu ministério, se você olhar para as drogas antilepra que, de certa forma, ela foi pioneira na distribuição. Mas também existem acusações de que as irmãs não são necessariamente incentivadas a utilizar meios comuns para tentar ajudar as pessoas da forma mais eficiente possível. Acho que até certo ponto essas coisas podem estar relacionadas. Ela sempre dizia: “Não somos assistentes sociais”. Se você está buscando fazer o maior bem possível para o maior número possível de pessoas, não estou certo de que ela é a sua santa. Mas o que ela fez foi um bem muito intenso pelas pessoas que estavam em uma necessidade muito grande.
Você acha que essa crítica é apenas o subproduto do fato de ela ser tão conhecida?
Em um determinado momento, ela deixou de ser apenas da Igreja e se tornou realmente do mundo, e de uma maneira estranha. Em uma época de celebridades, acho que essas pessoas santas atingem uma certa familiaridade do público e são jogadas no mesmo saco que as outras pessoas famosas. E, uma vez que você é famoso, você está sob um escrutínio extraordinário. Sempre haverá pessoas que não gostam de alguns aspectos do que você está fazendo.
Com ela, não foi tão difícil assim, especialmente se você tivesse determinadas opiniões. Se você é pro-choice Vaticano II. Por isso, as pessoas que eram muito mais pós-Vaticano II na maneira de ver as coisas podiam ter algumas dificuldades com ela. Acho que, se ela tivesse apenas continuado fazendo um bem incrível em Calcutá, essas questões não teriam sido levantadas.
Eu gosto da frase de Bob Geldof, no livro, que é mais ou menos assim: “Ela é hábil como qualquer político ou pessoa pública que eu já conheci, mas tudo o que ela faz parece ser para o benefício dos outros”. A partir de sua pesquisa, você conseguiu perceber se a Madre Teresa era consciente do seu lugar no cenário mundial?
Ela sempre alegou estar muito desconfortável com isso. Mas acho que é um pouco mais complicado do que isso. Em certo ponto, um dos seus biógrafos disse que ela havia se tornado uma especialista na homilia de aeroporto. Ela realmente gastou todo o seu tempo no ar durante a última parte – uma boa parte – da sua vida. Isso mais ou menos significava que era um evento público depois do outro. E acho que ela entendia que eles eram para o benefício das pequenas coisas. E quando ela voltou para Calcutá, ela se engajou em pequenas coisas de novo – mas não acho que você pode realmente dizer que ela odiava isso.
Você tem ideia do que as cartas que revelaram a sua longa noite escura da alma fizeram com a sua imagem ou a sua reputação?
Bem, dentro da Igreja, eu acho que elas apenas poliram a sua reputação. A ideia de que alguém pôde “jogar sem a bola” como foi com ela, durante 49 anos, é simplesmente um pensamento extraordinário. Embora haja cartas que sugiram que houve momentos em que ela tinha dúvidas, estas são uma pequena minoria – são como três ou quatro de mais de uma centena. Na maior parte, as cartas falam apenas de como ela está triste, e isso poderia ser descrito como algo heroico.
Acho que, fora da Igreja, pode ter havido, pelo menos inicialmente, um pouco mais de confusão. “Como alguém que tinha dúvidas de todo tipo pode ser considerada santa?”. Mas, para nós, ela é um tipo diferente de santa. Ela é uma pessoa mais complicada, ela é mais tridimensional. Ela é alguém que levanta questões que nós necessariamente não conhecemos todas as respostas. Nós pensamos nos santos, muitas vezes, como pessoas que levantam questões cuja resposta nós sabemos, ou questões para as quais eles mesmos são a resposta.
Ela é uma santa, aos olhos de muitas pessoas, que fez o que fez não apenas durante a Guerra Fria, mas também durante o período pós-freudiano. O que significa que, algum dia, alguém provavelmente vai pegar essas cartas e tudo o que o Pe. Brian Kolodiejchuk [postulador da causa de canonização] escreveu a respeito – porque ele tem acesso a tudo isso – e realmente se dar conta de como ela se encaixa como uma figura moderna. Acho que demos um passo nesse sentido, e a publicação do livro de suas cartas realmente levantou essa possibilidade, mas ainda não estamos lá.
Você tem alguma ideia dos sentimentos do Pe. Kolodiejchuk sobre tudo o que estamos sabendo sobre Madre Teresa agora?
Bem, acho que uma boa parte da noite escura foi surpreendente para ele. O Pe. Brian, pelo que sei, não sabia disso até começar a descobrir essas cartas, depois de passar a peneira enquanto trabalhava como postulador. Acho que ele ficou chocado e fascinado. E disse então que realmente havia lido algumas das cartas para as irmãs, e que elas ficaram boquiabertas.
Acho que ele estava bem ciente da forma como as cartas faziam dela uma figura mais interessante, complexa e, de alguma forma, mais complicada do que ela havia sido antes. Mas eu verdadeiramente acho que ele acolheu bem tudo isso. Ele está totalmente em paz, porque isso só acrescenta para a sua virtude heroica.
Como judeu secular assumido, o que significa cobrir questões religiosas tão de perto?
Isso vai parecer uma resposta fraca, mas eu me tornei um judeu um pouco mais observante [risos]. Se você está perguntando como um humanista ou como uma pessoa não espiritual olha para a fé, e por que eles poderiam ficar animados com isso, embora ao mesmo tempo eles mesmos não façam uma óbvia viagem de fé, eu acho que me colocaria nessa categoria geral. Acho que, assim como a fé tem formas de explicar o humanismo, o humanismo tem formas de explicar a fé. E eu não tendo a escrever sobre isso na maior parte do tempo, mas me sinto razoavelmente confortável em pensar na enorme amplitude para a alma humana e na capacidade que temos tanto para o bem quanto para o mal, e todas as coisas no meio. E acho isso extremamente nutritivo para ser capaz de escrever sobre a beleza das estruturas de pensamento que contribuem quando os fiéis agem bem por causa da fé. Isso necessariamente não exclui o fato de ser capaz de escrever sobre o que acontece quando as pessoas de fé não agem bem.
Começamos nossa conversa falando sobre a imagem da Madre Teresa como a santa perfeita para a geração dos boomers. Você tem alguma ideia de o que a sua vida pode representar para os milenares [millennials, os que nasceram no novo milênio]?
Uma das coisas que penso sobre isso é quantos aspectos definidores da geração dos boomers – esses grandes movimentos e instituições monolíticos que existiram – parecem ter se rompido. Agora, grandes coisas definidoras como poder, influência etc., estão muito mais fragmentados. Acho que isso é mais coerente com o que ela estava fazendo, porque, para os boomers, ela foi um exemplo de como as coisas não eram necessariamente monolíticas e institucionais. Esse tipo de trabalho pequeno, um-a-um, que ela fazia era mais consistente com a forma como vemos o mundo agora. Se o tipo de comunicação em que estamos engajados neste momento é uma espécie de intimidade ou de intimidade virtual, acho que, de certa forma, ainda é uma questão em aberto. Ela estava envolvida em uma intimidade um-a-um. E talvez, se eu fosse um milenar, eu me perguntaria: “Estou engajado na intimidade virtual ou na intimidade convencional?”.
Fonte: Blog Shalom