Semana Santa
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Bento XVI pede profunda conversão moral e espiritual
“A Páscoa é a verdadeira salvação da humanidade!”, disse o Papa Bento XVI neste domingo de Páscoa, 4, em sua Mensagem de Páscoa e Benção "Urbi et orbi" (à cidade e ao mundo), às 12h de Roma (7h de Brasília), no palco central da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
"Se Cristo – o Cordeiro de Deus – não tivesse derramado o seu Sangue por nós, não teríamos qualquer esperança, o destino nosso e do mundo inteiro seria inevitavelmente a morte. Mas a Páscoa inverteu a tendência: a Ressurreição de Cristo é uma nova criação, como um enxerto que pode regenerar toda a planta. É um acontecimento que modificou a orientação profunda da história, fazendo-a pender de uma vez por todas para o lado do bem, da vida, do perdão. Somos livres, estamos salvos! Eis o motivo por que exultamos do íntimo do coração: ‘Cantemos ao Senhor: é verdadeiramente glorioso!’"
Na tradicional mensagem, o Santo Padre afirmou que “a humanidade atravessa uma crise que requer mudanças profundas, a partir das consciências; uma espécie de êxodo, de conversão espiritual e moral”.
“O Evangelho revelou-nos o cumprimento das figuras antigas: com a sua morte e ressurreição, Jesus Cristo libertou o homem da escravidão radical, a do pecado, e abriu-lhe a estrada para a verdadeira Terra Prometida, o Reino de Deus, Reino universal de justiça, de amor e de paz. Este ‘êxodo’ verifica-se, antes de mais nada, no íntimo do próprio homem e consiste num novo nascimento no Espírito Santo, é princípio duma libertação integral, capaz de renovar toda a dimensão humana, pessoal e social”, enfatizou.
Na mensagem, o Papa também pediu e fez orações pela paz na Terra Santa e pelo fim dos crimes ligados ao tráfico de drogas na América Latina e no Caribe. Encorajou os povos do Haiti e do Chile, atingidos pelo terremoto, e apelou à comunidade internacional para que não deixe de enviar ajudas.
Bento XVI lembrou-se também da África, de modo especial, do Congo, Guiné e Nigéria, e pediu o término dos conflitos que continuam a provocar destruições e sofrimento e se obtenham reconciliação e paz, garantias de desenvolvimento.
O Papa referiu-se aos cristãos que em função de sua fé sofrem perseguições e são até mesmo mortos, como no Paquistão, e aos que vivem em meio a provações e sofrimentos, como no Iraque.
Aos países assolados pelo terrorismo e pelas discriminações sociais ou religiosas, o Pontífice recomendou que favoreçam o diálogo e a convivência serena e o desenvolvimento de uma economia solidária: “Aos responsáveis de todas as Nações, a Páscoa de Cristo traga luz e força para que a atividade econômica e financeira seja finalmente orientada segundo critérios de verdade, justiça e ajuda fraterna”.
Ao concluir sua Mensagem “Urbi et orbi”, o Papa destacou que Páscoa não efetua magias. “Assim como, para além do Mar Vermelho, os hebreus encontraram o deserto, assim também a Igreja, depois da Ressurreição, encontra sempre a história com as suas alegrias e as suas esperanças, os seus sofrimentos e as suas angústias. E todavia esta história mudou, está marcada por uma aliança nova e eterna, está realmente aberta ao futuro. Por isso, salvos na esperança, prosseguimos a nossa peregrinação, levando no coração o cântico!".
Após a leitura da mensagem, Bento XVI saudou os cerca de 100 mil fiéis, segundo informação da Polícia romana – em 65 línguas, 2 a mais do que no ano passado: islandês e cazaque.
Em seguida, concedeu a todos os que participaram, pessoalmente ou através do rádio ou TV, a benção pascal, com a indulgência plenária.
Fonte: cancaonova.com
A Páscoa já era celebrada solenemente pelo povo judeu desde Moisés, para comemorar a passagem do Mar Vermelho, onde sucumbiram as forças do Faraó que perseguia o povo de Deus. Foi a passagem da escravidão do Egito para a liberdade da Terra Prometida por Deus a Abraão. Por isso os judeus a celebravam, e ainda celebram solenemente.
Cristo celebrava a Páscoa como bom judeu, fiel às Sagradas Escrituras, e celebrou-a juntamente com os seus Apóstolos na Última Ceia, onde nos deixou o memorial da sua Paixão: a Eucaristia.
A Páscoa cristã, que tem as sua imagem na dos judeus, é a celebração da Ressurreição de Cristo, a vitória da Vida sobre a morte, o triunfo da graça sobre o pecado, da luz sobre as trevas. Cristo desceu à mansão da morte para destruir a morte. “Com a sua morte destruiu a morte e com sua Ressurreição deu-nos a vida.”
Esta é a alegria e a esperança cristã. O verdadeiro cristão jamais se dá por vencido porque sabe que já é vitorioso Naquele que venceu a morte.
Cada criança ao ser batizada participa desta Morte e da mesma Ressurreição de Cristo; é regenerada; e vive uma vida nova na liberdade dos filhos de Deus.
Jesus, sendo Deus e Homem ao mesmo tempo, trazendo em si de modo harmonioso as duas naturezas, pôde morrer como homem e oferecer á Justiça divina, como Deus, um sacrifício de valor Infinito, e assim pôde conquistar para todos os homens de todos os lugares e de todos os tempos, o resgate do pecado e da morte.
Após a Ressurreição Jesus instituiu no mesmo domingo desta, o Sacramento do perdão, a Confissão; na verdade Ele estava ansioso para distribuir aos homens o perdão que Ele haveria de conquistar com sua morte e Ressurreição; por isso no mesmo dia em que ressurgiu dos mortos Ele enviou os seus Apóstolos a perdoar aos pecados em seu Nome. “Aqueles a quem vocês perdoarem os pecados, os pecados serão perdoados” (João 20,22).
Cristo ressuscitou e vive entre nós; isto é um fato histórico que os Evangelhos narram. São Paulo afirma na Carta aos Coríntios que “Ele apareceu para mais de quinhentos, dos quais muitos ainda são vivos”.
A verdade da Ressurreição de Cristo é que explica a força dos Apóstolos a saírem pelo mundo pregando Jesus vivo e presente entre eles. Nesta certeza eles enfrentaram o império romano e o tornaram cristão. Nesta certeza eles enfrentaram os dentes dos leões sob Nero, Dioclesiano, Vespasiano, Domiciano e outros imperadores que os massacraram. Foi na força da Ressurreição de Jesus que a Igreja sempre venceu todos os seus inimigos: as heresias, o comunismo, o nazismo, o ateísmo, o racionalismo, as perseguições terríveis da Revolução Francesa e as do século XX na Espanha e no México.
Acreditar que a Igreja chegou até nós com 2000 anos de vitórias, sem acreditar na Ressurreição de Cristo, seria acreditar num milagre maior do que a própria Ressurreição.
Cristo Ressuscitou e vive entre nós. Ele disse aos Apóstolos antes da Ascensão ao Céu: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo”.
Coragem meu irmão, Jesus venceu a morte, venceu a dor, venceu o pecado … não tenha medo, porque Ele caminha conosco. Feliz Páscoa!
Prof. Felipe Aquino
No sábado que antecede a Páscoa, os fiéis (Igreja Católica Ortodoxa) se reúnem aglomerados na Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. Muitos itinerários de peregrinação à Terra Santa por ocasião da Páscoa, anunciam que, nesse dia, «o fogo desce do céu e acende as lamparinas da Igreja.» «O milagre do Fogo Sagrado» acontece em todos os anos, na mesma hora e do mesmo modo e é muito conhecido pelos cristãos da comunidade ortodoxa. Não se conhece nenhum outro milagre que ocorra por tempo tão prolongado.
Os primeiros documentos que se referem a este milagre remontam ao século VIII d.C.
São conhecidos diversos testemunhos do milagre através dos séculos como o descrito pelo abade russo Daniel em seu itinerário de 1167: "O Milagre da Santa Luz e as cerimônias que o cercam". Descreve a cerimônia com muitos detalhes. Relata o Patriarca entrando na Capela do Santo Sepulcro com duas velas e ajoelhando-se diante da pedra sobre a qual Cristo foi recostado depois da sua morte e ali recita algumas orações. Em seguida o milagre acontece:
Uma Luz sai do coração da pedra, uma luz azul, indefinível, que depois de certo tempo acende as lamparinas de azeite fechadas e as duas velas do Patriarca. Esta luz é «O Fogo Sagrado» e se difunde por todas as pessoas que estão presentes na Igreja.
A partir do século IV d.C., sem interrupção, até os nossos dias, numerosos documentos mencionam o admirável prodígio.
O milagre acontece a cada ano no Sábado da Páscoa ortodoxa e é celebrado conjuntamente por todas as comunidades ortodoxas.
Desde que aconteceu o cisma entre ocidente e oriente no ano de 1054 os «Dois pulmões do corpo de Cristo,» como chama o Papa João Paulo II, os Ortodoxos e Católicos vivem existências separadas, mas nos dois primeiros séculos posteriores ao cisma não foi assim no Santo Sepulcro.
O poder da cerimônia era tão grande que apesar do cisma, católicos e ortodoxos reuniam-se para celebrá-la. Após o ano de 1246 quando os católicos deixaram Jerusalém com a frustrada Cruzada, o Milagre do Fogo Sagrado se transformou numa cerimônia privativa dos ortodoxos que permaneceram em Jerusalém mesmo depois da ocupação palestina pelos turcos.
O Metropolita Timóteo, do Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém, representante do Patriarca na celebração ecumênica de abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro em Roma, disse que o poder ecumênico e unificador do Fogo Sagrado é excepcional.
Fonte: Ecclesia
03 de abril de 2010 • 06h56 • atualizado às 09h44
A Basílica do Santo Sepulcro de Jerusalém celebra neste sábado a tradicional cerimônia do "fogo sagrado" quando as distintas igrejas da Terra Santa lembram o milagre da Ressurreição de Cristo. O Sábado de Aleluia é celebrado na primeira hora da tarde com o ritual, que data do ano 1106, e acontece na rotunda da basílica, onde a tradição situa o túmulo de Jesus.
O ato vai ser realizado sob estritas medidas de segurança, pois a igreja só conta com uma porta principal, o que traz sempre o risco de incêndio pois centenas de fiéis acompanham a cerimônia no interior do recinto.
O patriarca da Igreja Ortodoxa, Teófilos III, entrará no túmulo onde, após rezar uma prece que os fiéis acompanham cantando, recebe a "chama sagrada" que "desce" do céu – o milagre – em uma lâmpada de óleo, antes que, no domingo, se lembre a Ressurreição no Monte das Oliveiras.
O patriarca armênio, o primeiro povo que adotou o cristianismo como religião de Estado no ano 301, acompanha o líder da Igreja ortodoxa ao receber a chama. E com ela os dignatários religiosos acendem as velas dos fiéis que, em multidão, se aproximam até eles antes de sair da basílica para distribuir o fogo por todos os peregrinos vindos de diferentes cantos do planeta, assim como para as casas dos fiéis da comunidade palestina que residem na cidade
Outra das práticas tradicionais entre os devotos que vão aos santos lugares estes dias é levar algodão embebido em diferentes óleos e perfumes e jogá-lo sobre a "Pedra da Unção", de cor rosada e uma das últimas paradas da cruz situada à entrada do Santo Sepulcro, onde acredita-se que Jesus recebeu os últimos óleos ou a Unção dos Enfermos.
Os peregrinos da Igreja Greco-ortodoxa também costumam comprar uma tela de dois metros de comprimento por 80 centímetros de largura nas lojas do mercado árabe contíguo à basílica, e que em teoria tem as mesmas dimensões que a que cobriu Cristo e lhe serviu de mortalha no dia de sua morte, recordado ontem na Sexta-Feira Santa.
Por antigos acordos entre as diferentes igrejas governantes na Terra Santa, os ortodoxos gregos têm o controle da maior parte do Santo Sepulcro, assim como da Igreja da Natividade na cidade cisjordaniana de Belém.
Esta situação deu lugar a várias disputas com os católicos e outras correntes do cristianismo, especialmente quando coincidiram, como este ano, suas respectivas Páscoas. À noite serão celebradas rezas vespertinas e uma liturgia das horas no altar de Maria Madalena.
Os católicos celebrarão amanhã a Ressurreição no Santo Sepulcro com uma missa pontifical, oficiada pelo patriarca latino, Fouad Twal, e uma procissão.
O último ato pascal será realizado na segunda-feira na aldeia palestina de Al Queiba, a cerca de 11 quilômetros de Jerusalém, onde os frades franciscanos, que lembrarão a aparição de Cristo para os discípulos de Emaús.
Fonte: Terra Notícias
Senhor Deus, que nos deixastes os sinais de vossa Paixão Santíssima no Sábado Santo, no qual foi envolto vosso Corpo Santíssimo, quando por José de Arimatéia foste baixado da cruz: Concedei-nos, oh! piedosíssimo Senhor! que por vossa morte e sepultura santa, e pelas dores e angústias de vossa Santíssima Mãe Maria Senhora nossa, sejam levadas as almas do Purgatório a glória de vossa Ressurreição, onde vives e reinas com Deus Pai, em unidade com o Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos. Amém.
22/03/2008 Sábado Santo – Pe Roberto Lettieri
A morte do Senhor é a única morte que merece culto. A divindade de Jesus não acabou nem no túmulo, nem na morte. Acreditar na morte de Cristo é acreditar na nossa salvação.
Quero iniciar pedindo perdão por todos consagrados, leigos e leigas, padres, pelas vezes que não adoramos o Santíssimo Sangue de Jesus. Santo Tomás de Aquino diz que uma só gota do Sangue de Jesus bastaria para lavar o mundo de todo pecado. O Sangue de Jesus tem poder. Você pode passar todo martírio, mas não há sofrimento maior que o do Filho de Deus. Peço perdão pelas vezes que não acreditamos, perdão pelas gotas do Sangue de Jesus que cai no chão. Peço a graça de uma sensibilidade, pelo Corpo e Sangue de Cristo, uma emoção ao recebê-Lo. Hoje é tudo muito automático, muito frio, peço a graça de um coração que saiba reconhecer o Cristo, um coração que penetre no paraíso do Calvário que é a Santa Missa.
Ontem quando você beijou a Cruz, você se colocou no poder da Cruz de Cristo, você proclamou o Senhorio de Jesus sobre sua vida, você reconheceu o Crucificado.
A tradição diz que o Sangue de Jesus que saiu do Seu Corpo, desceu à terra e chegou até o crânio de Adão, acordando-o do sono profundo.
A Igreja consagra o Sangue de Jesus. O Sangue derramado no Calvário é o Sangue que é celebrado na Santa Missa, é o Sangue de sacrifício. O Sangue de Jesus é digno de toda a adoração.
Ninguém podia mais tocar na "árvore da vida". Ninguém mais iria para o paraíso, em toda Santa Missa você pode tocar a "árvore da vida". O paraíso do Calvário é a Santa Missa, aí você pode e deve adorar.
"O anjo também me mostrou o rio da água da vida, brilhante como cristal, que sai do trono de Deus e do Cordeiro e que passa no meio da rua principal da cidade. Em cada lado do rio está a árvore da vida, que dá doze frutas por ano, isto é, uma por mês. E as suas folhas servem para curar as nações. E não haverá na cidade nada que esteja debaixo da maldição de Deus. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o adorarão. erão o seu rosto, e na testa terão escrito o nome de Deus. Ali não haverá mais noite, e não precisarão nem da luz de candelabros nem da luz do sol, pois o Senhor Deus brilhará sobre eles. E reinarão para todo o sempre" (Apocalipse 22, 1-7).
Durante a Missa o Senhor é levantado, a árvore da Cruz se levanta e o Senhor é erguido. A elevação da Missa é elevação do Cristo no Calvário. Comunga o teu Deus. Que você possa receber o "remédio" de vida eterna. Participe da Santa Missa. Quanto mais o mundo é mundo, mais zombarão da Santa missa, mas o nosso dever é adorar.
Adorar o Santíssimo Sacramento é prolongação da Santa missa.
Precisamos da sabedoria que vem do alto, que vem da Cruz de Cristo.
Deseje entrar no paraíso do Calvário, deseje ser lavado pelo Sangue de Jesus. Não tire teu sorriso de amor. Durante a Missa o sacerdote é o Cristo, é o persona Cristo.
Na Missa o pão se transforma em Corpo, o vinho através do Espírito Santo se transforma em Sangue. A Santa Missa não pode transforma-se em reunião fraterna. Tenha a emoção para receber Jesus, venha com sua vida para a Santa Missa para encontrar o Cristo.
"Durante o Sábado santo a Igreja permanece junto ao sepulcro do Senhor, meditando sua paixão e sua morte, sua descida à mansão dos mortos e esperando na oração e no jejum sua ressurreição (Circ 73).
No dia do silêncio a comunidade cristã vela junto ao sepulcro. Calam os sinos e os instrumentos. É ensaiado o aleluia, mas em voz baixa. É o dia para aprofundar. Para contemplar. O altar está despojado. O sacrário aberto e vazio. O Sábado é o dia em que experimentamos o vazio. Se a fé, ungida de esperança, não visse no horizonte último desta realidade, cairíamos no desalento: "nós o experimentávamos…", diziam os discípulos de Emaús. É um dia de meditação e silêncio. Mas não é um dia vazio em que "não acontece nada". Nem uma duplicação da Sexta-feira. A grande lição é esta: Cristo está no sepulcro, desceu à mansão dos mortos, ao mais profundo em que pode ir uma pessoa. E junto a Ele, como sua Mãe Maria, está a Igreja, a esposa. Calada, como ele. O Sábado está no próprio coração do Tríduo Pascal.
Vigília Pascal
A celebração é no sábado à noite, é uma Vigília em honra ao Senhor, segundo a tradição (Ex. 12, 42), de maneira que os fiéis tenham acesas as lâmpadas como os que aguardam a seu Senhor quando chega, para que, ao chegar, os encontre em vigília e os faça sentar em sua mesa. Toda a celebração da Vigília Pascal é realizada durante a noite, de tal maneira que não se deva começar antes de anoitecer, ou se termine a aurora do Domingo.
A missa ainda que se celebre antes da meia noite, é a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição. Os que participam desta missa, podem voltar a comungar na segunda Missa de Páscoa. A Noite Pascal tem duas partes centrais: a Palavra e o Sacramento. Estes elementos. A tudo isso antecede um especial rito de entrada constando do rito da luz, que brilha em meio à noite, e o pregão Pascal, lírico e solene. Todos estes elementos especiais da Vigília querem ressaltar o conteúdo fundamental da Noite: a Páscoa do Senhor, a sua passagem da Morte à Vida.
Porém a Páscoa de Cristo é também a nossa Páscoa: "na morte de Cristo nossa morte foi vencida e em sua ressurreição ressuscitamos todos" (Prefácio II de Páscoa). A comunidade cristã se sente integrada, "contemporânea da Passagem de Cristo através da morte à vida". Ela mesma renasce e goza na "nova vida que nasce destes sacramentos pascais" (Oração sobre as ofertas da vigília). Cristo Ressuscitado venceu a morte! Esse é o fundamento de nossa fé.
Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele. Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes, e esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados graças às suas chagas.”
(Isaías 53, 3-5)
A tarde de Sexta-feira Santa apresenta o drama imenso da morte de Cristo no Calvário. A cruz erguida sobre o mundo segue de pé como sinal de salvação e de esperança. Com a Paixão de Jesus segundo o Evangelho de João contemplamos o mistério do Crucificado, com o coração do discípulo Amado, da Mãe, do soldado que lhe traspassou o lado.
São João, teólogo e cronista da Paixão nos leva a contemplar o mistério da cruz de Cristo como uma solene liturgia. Tudo é digno, solene, simbólico em sua narração: cada palavra, cada gesto. A densidade de seu Evangelho agora se faz mais eloqüente. E os títulos de Jesus compõem uma formosa Cristologia. Jesus é Rei. O diz o título da cruz, e o patíbulo é o trono onde ele reina. É a uma só vez, sacerdote e templo, com a túnica sem costura com que os soldados tiram a sorte. É novo Adão junto à Mãe, nova Eva, Filho de Maria e Esposo da Igreja. É o sedento de Deus, o executor do testamento da Escritura. O Doador do Espírito. É o Cordeiro imaculado e imolado, o que não lhe romperam os ossos. É o Exaltado na cruz que tudo o atrai a si, quando os homens voltam a ele o olhar.
A Mãe estava ali, junto à Cruz. Não chegou de repente no Gólgota, desde que o discípulo amado a recordou em Caná, sem ter seguido passo a passo, com seu coração de Mãe no caminho de Jesus. E agora está ali como mãe e discípula que seguiu em tudo a sorte de seu Filho, sinal de contradição como Ele, totalmente ao seu lado. Mas solene e majestosa como uma Mãe, a mãe de todos, a nova Eva, a mãe dos filhos dispersos que ela reúne junto à cruz de seu Filho. Maternidade do coração, que infla com a espada de dor que a fecunda.
A palavra de seu Filho que prolonga sua maternidade até os confins infinitos de todos os homens. Mãe dos discípulos, dos irmãos de seu Filho. A maternidade de Maria tem o mesmo alcance da redenção de Jesus. Maria contempla e vive o mistério com a majestade de uma Esposa, ainda que com a imensa dor de uma Mãe. São João a glorifica com a lembrança dessa maternidade. Último testamento de Jesus. Última dádiva. Segurança de uma presença materna em nossa vida, na de todos. Porque Maria é fiel à palavra: Eis aí o teu filho.
O soldado que traspassou o lado de Cristo no lado do coração, não se deu conta que cumpria uma profecia realizava um último, estupendo gesto litúrgico. Do coração de Cristo brota sangue e água. O sangue da redenção, a água da salvação. O sangue é sinal daquele maior amor, a vida entregue por nós, a água é sinal do Espírito, a própria vida de Jesus que agora, como em uma nova criação derrama sobre nós.
A Celebração
Hoje não se celebra a missa em todo o mundo. O altar é iluminado sem mantel, sem cruz, sem velas nem adornos. Recordamos a morte de Jesus. Os ministros se prostram no chão frente ao altar no começo da cerimônia. São a imagem da humanidade rebaixada e oprimida, e ao mesmo tempo penitente que implora perdão por seus pecados. Vão vestidos de vermelho, a cor dos mártires: de Jesus, o primeiro testemunho do amor do Pai e de todos aqueles que, como ele, deram e continuam dando sua vida para proclamar a libertação que Deus nos oferece.
Adoração da Cruz
Há um ato simbólico muito expressivo e próprio deste dia: a veneração da Santa Cruz, onde é apresentada solenemente a Cruz à comunidade, cantando três vezes a aclamação:
"Eis o lenho da Cruz, onde esteve pregada a salvação do mundo. Ó VINDE ADOREMOS", e todos ajoelhados uns instantes de cada vez, e então vamos, em procissão, venerar a Cruz pessoalmente, com um genuflexão (ou inclinação profunda) e um beijo (ou tocando-a com a mão e fazendo o sinal da cruz ); enquanto cantamos os louvores ao Cristo na Cruz: Deus Santo, Deus Forte, Deus Imortal tende piedade de nós!
Entenda cada um dos importantes momentos na Liturgia da Igreja da Quinta-feira Santa.
Santos Óleos
Abençoar os santos óleos usados no ano inteiro nas paróquias da cidade é uma das cerimônias litúrgicas da Semana Santa. Ela conta com a presença de bispos e sacerdotes de toda a Arquidiocese. É um momento de reafirmar o nosso compromisso de servir a Jesus Cristo. São três os óleos abençoados nesta celebração:
Óleo do Crisma: uma mistura de óleo e bálsamo, significando plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar "o bom perfume de Cristo". É usado no Sacramento da Confirmação (Crisma) quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no Sacramento do Ordem, para ungir os "escolhidos" que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos Sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.
Óleo dos Catecúmenos: catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.
Óleo dos Enfermos: é usado no Sacramento da Unção dos Enfermos, conhecido erroneamente como "extrema-unção". Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.
Instituição da Eucaristia
Na véspera da festa da Páscoa, como Jesus sabia que havia chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (cf. Jo 12,1). Caía a noite sobre o mundo, porque os velhos ritos, os antigos sinais da misericórdia infinita de Deus para com a humanidade iam realizar-se plenamente, abrindo caminho a um verdadeiro amanhecer: a nova Páscoa. Eucaristia foi instituída durante a noite, preparando antecipadamente a manhã da Ressurreição.
Comecemos desde já a pedir ao Espírito Santo que nos prepare para podermos entender cada expressão e cada gesto de Jesus Cristo: porque queremos viver vida sobrenatural, porque o Senhor nos manifestou a sua vontade de se dar a cada um de nós em alimento da alma, e porque reconhecemos que só Ele tem palavras de vida eterna.
A fé leva-nos a confessar com Simão Pedro: Nós acreditamos e sabemos que tu és o Cristo, o Filho de Deus. E é essa mesma fé, fundida com a nossa devoção, que nesses momentos transcendentes nos incita a imitar a audácia de João, a aproximar-nos de Jesus e a reclinar a cabeça no peito do Mestre, que amava ardentemente os seus e, como acabamos de ouvir, iria amá-los até o fim.
Tenhamos em mente a experiência tão humana da despedida de duas pessoas que se amam. Desejariam permanecer sempre juntas, mas o dever – seja ele qual for – obriga-as a afastar-se uma da outra. Não podem continuar sem se separarem, como gostariam. Nessas situações, o amor humano, que, por maior que seja, é sempre limitado, recorre a um símbolo: as pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, possivelmente uma fotografia, com uma dedicatória tão ardente que é de admirar que o papel não se queime. Mas não conseguem muito mais, pois o poder das criaturas não vai tão longe quanto o seu querer.
Porém, o Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo. Irá para o Pai, mas permanecerá com os homens. Não nos deixará um simples presente que nos lembre a sua memória, uma imagem que se dilua com o tempo, como a fotografia que em breve se esvai, amarelece e perde sentido para os que não tenham sido protagonistas daquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho encontra-se o próprio Cristo, realmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade.
(Fonte: "É Cristo que passa, 83 – Textos de São Josemaria"
Lava Pés
Jesus lava os pés de seus discípulos
Um momento solene
No 13º capítulo do seu Evangelho, João fala sobre Jesus fraco, pequeno, que terminará sendo condenado e morto na cruz como um blasfemador, um fora da lei ou um criminoso. Até então, Jesus parecia tão forte, havia feito tantos milagres, curado doentes, ordenado que o mar e o vento se acalmassem e falado com autoridade para os escribas e os fariseus.
Ele parecia ser um grande profeta, quem sabe até o Messias. O Deus do poder estava com Ele. Mais e mais pessoas estavam começando a segui-lo, esperavam que Ele os libertasse dos romanos, resgatando assim, a dignidade do povo escolhido. O tempo da páscoa estava próximo. A multidão e os amigos dele pensavam: "Será que Ele vai se revelar na páscoa? Então, todos acreditarão nele." Todos esperavam que algo extraordinário acontecesse. No entanto, em vez de fazer algo fantástico, Jesus tomou o caminho oposto, o da fraqueza, o da humilhação, deixando que os outros o vencessem. Este processo de humilhação teve início quando o Verbo se fez carne no seio da Virgem Maria, e continuou visível para os discípulos no lava-pés. Terminará com a agonia, paixão, crucifixão e morte.
O começo deste capítulo é muito solene: "Antes do dia da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado a hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado aos seus, que estavam no mundo, amou-os até ao extremo. Começada a ceia, tendo já o demônio posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, a determinação de o entregar, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto, e apegando uma toalha cingiu-se com ela." (Jo 13,1-4).
Estas palavras são muito fortes: "Jesus, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto…" Então, Ele se ajoelhou diante de cada um de seus discípulos e começou a lavar-lhes os pés, em uma atitude de humilhação, fraqueza, súplica e submissão. De joelhos ninguém pode se mover com facilidade nem se defender.
João Batista havia dito que ele não era digno nem de desatar as sandálias de Jesus (Mc 1,7). No entanto, Jesus se ajoelha em frente a cada um de seus discípulos.
Os primeiros cristãos devem ter cantado o mistério de Jesus, que se desfez da sua glória e se fez fraco, como encontramos nas palavras de S. Paulo aos Filipenses: "O qual, existindo na forma (ou natureza) de Deus, não julgou que fosse uma rapina o seu ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens e sendo reconhecido por condição como homem. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz! (Fl 2,6-8)
Nós estamos frente a um Deus que se torna pequeno e pobre, que desce na escala da promoção humana, que escolhe o último, que assume o lugar de servo ou escravo. De acordo com a tradição judia, o escravo lavava os pés do senhor, e algumas vezes as esposas lavavam os pés do marido ou os filhos lavavam os do pai.
Fonte: Comunidade Shalom
Transladação do Santíssimo
A transladação do Santíssimo tem notícias históricas desde o século II. Mas o rito da adoração, na quinta-feira santa entrou na Igreja a partir do século XIII e foi difundindo-se até o século XV.
O que mais impulsionou foi a devoção ao Santíssimo Sacramento, a partir da segunda metade do século XIII, época em que o Papa Urbano IV decretou a festa de Corpus Christi para toda a Igreja (em 11 de agosto de 1264). Após a oração depois da comunhão da Missa, o Santíssimo é transladado solenemente em procissão para uma capela lateral ou para um dos altares laterais da igreja, devidamente preparado para receber o Santíssimo.
Antes da transladação, o sacerdote prepara o turíbulo e incensa o Santíssimo três vezes. Depois, realiza-se uma pequena procissão dentro da igreja. Durante a procissão, canta-se o "Pange Lingua", traduzido em português, exceto as duas últimas estrofes, que são cantadas depois da chegada da procissão na capela lateral, onde ficará o Santíssimo.
Após a transladação, a comunidade é convidada a permanecer em adoração solene até um horário conveniente. O significado é de ação de graças pela eucaristia e pela salvação que celebramos nestes dias do Tríduo Pascal.
Desnudação do Altar
A desnudação do altar hoje, é um rito prático, com a finalidade de tirar da igreja todas as manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e respeitoso silêncio pela Paixão e Morte de Jesus.
A desnudação do altar (denudatio altaris), ou despojamento, como preferem alguns, é um rito antigo, já mencionado por Santo Isidoro no século VII, que fala da desnudação como um gesto que acontecia na quinta-feira santa.
O sacerdote, ajudado por dois ministros, remove as toalhas e os demais ornamentos e enfeites dos altares que ficam assim desnudados até a Vigília Pascal. No antigo rito, durante a desnudação recitava-se um trecho de um salmo. O gesto da desnudação do altar tinha o significado alegórico da nudez com a qual Cristo foi crucificado.
O rito atual é realizado de modo muito simples, após a missa. Feito em silêncio e sem a participação da assembléia. As orientações do Missal Romano pedem que sejam retiradas as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da igreja.
Caso isso não seja possível, orienta o Missal que convém velar as cruzes e as imagens que não possam ser retiradas.(Cf. Missal Romano, p. 253, n. 19).
O significado é o silêncio respeitoso da Igreja que faz memória de Jesus que sofre a Paixão e sua morte de Jesus, por isso, despoja-se de tudo o que possa manifestar festa.